terça-feira, 23 de setembro de 2008

Namoro na laje
Cristiane Gomes, Suellen Encanação, Gesseca de Lourdes e Vanessa Paes

Viver em uma obra inacabada sempre pareceu um inferno para a maioria das pessoas. Mas esse não foi o caso da maranhense Joana Fernandes. Ela aproveitou a interrupção na obra para namorar à luz das estrelas e, em algumas ocasiões, até mesmo debaixo de chuva. Ela guarda boas lembranças daquele tempo.



Nome
Joana Elena Silveira Fernandes >> Idade 20 anos

Rua Faltas da Silva >> Ocupação Dona de casa

O que mais gosta de fazer?
Adoro escutar música (pagode e funk).

O que não gosta de fazer?
Fazer comida.

O que tem de bom na sua rua?
Muitos amigos.

O que tem de ruim na sua rua?
Muita lama.

Por que veio para o Pro Jovem?
Aprender coisas que futuramente vão me servir.

O que espera do Pro Jovem?
Ter consciência da vida que temos.

Acha que vai ganhar o prêmio?
Sim, porque contei uma história real e muito engraçada.

O que vai fazer com o prêmio?
Utilizar.

Por que escolheu essa história?
Por que foi uma coisa que passou na minha vida e que gostei demais.

O que você faz aos domingos?
Fico em casa com a minha família.

Qual é o seu time de coração?
Flamengo.

Você tem algum ídolo?
Sorriso Maroto e Roupa Nova.
......

A laje mal batida

Eu tinha 16 anos quando esta história aconteceu.

Quando chegamos do Maranhão, encontramos a casa prontinha, construída pelo meu avô. Depois de alguns anos, ele resolveu colocar laje no lugar das telhas. Devo confessar que foi muito difícil.

A gente teve que colocar as minhas coisas na casa da minha irmã mais velha, que reclamou um bocado antes de dar o seu consentimento. Depois tiramos as telhas e colocamos as vigas.

Só que, como meu avô trabalhava e só vinha no fim de semana, a obra andou muito lentamente. Aproveitei aquelas paradas para namorar ao lar livre, olhando as estrelas. Namorei ali até mesmo nas noites de chuva. Fiquei triste quando vovô retomou a obra.

No dia que a obra foi reiniciada, havia um batalhão de homens lá em casa: vovô, meu namorado, meu primo, meu cunhado e alguns vizinhos. Só que, em em vez de trabalhar, eles ficaram enchendo a cara. Só meteram a mão na massa depois de esvaziar três garrafões de vinho.

Não demorou muito tempo para que dessem uma nova parada, dessa vez para almoçar. As mulheres da casa não deixaram por menos. O arroz queimou, a costela ficou salgada e não deu tempo de fazer feijão. Mesmo assim, os homens comeram tudo.

Depois do almoço,eles voltaram para a laje. O trabalho deles ficou horrível. Além de deixarem goteiras pela casa toda, levei muito choques por causa da lambança que fizeram com a fiação.

Hoje eu não moro mais na casa. Quem mora lá é minha irmã mais velha, mais o meu sobrinho. Vovô está na casa ao lado, com a namorada, na casa que ele construiu com muito carinho. A laje está bem batida e os fios no lugar. Está bem bonita mesmo.

Eu sinto muita saudade daqueles dias, mas agora é tocar a vida e ser feliz.

Facadas na memória
Por Cristiane Gomes, Suellen Encanação, Gesseca de Lourdes e Vanessa Paes

Tayana de Oliveira é fã da Calypso, o maior fenômeno musical de Belém do Pará, sua terra natal. Mas não são muitas as recordações que traz no coração da época em que morou no norte do país. Para contar a história da casa mal-assombrada, na qual um dos pedreiros foi assassinado com 20 facadas, precisou recorrer à memória da mãe. Da época dessa obra, também traz uma cicatriz em uma de suas sobrancelhas. "Levei um tombo e abri uma brecha em um dia em que fui brincar na obra."

Nome Tayana Carla de Oliveira >> Idade 20 anos

Rua Cosimiro Martins >> Bairro Palhada

Ocupação Trabalho com política e participo do projeto

O que mais gosta de fazer?
De estar com meu filho.

O que não gosta de fazer?
Não gosto de falsidade.

O que tem de bom e ruim na sua rua?
• Bom: Não tem nada.
• Ruim: Os fofoqueiros.

Por que veio para o Pro Jovem?
Para obter o conhecimentos.

O que você espera desse projeto?
Que os jovens melhorem de vida.

Acha que vai ganhar o prêmio?
Sim, porque contei uma historia bem diferente.

Se você ganhar o prêmio, o vai fazer com ele?
Usufruir.

Qual foi sua história?
A casa assombrada.

Por que contou esta história?
Porque estou gostando de participar do projeto, e contando minha história estou participando.

Qual é sua religião?
Católica.

Como se diverte aos domingos?
Saio com meu filho e meu marido para destrair a mente.

Você tem algum ídolo?
Deus e a banda Calypso.

Pra que time você torce?
Vasco da Gama.
......
A casa assombrada
Esta é uma história real, que aconteceu em Belém do Pará, onde eu morei na infância. Isso aconteceu no ano de 1994, quando eu tinha 6 anos de idade. Eu na verdade não me recordo muito bem dessa história. Estou contando a versão da minha mãe.

Eu e minha família morávamos em uma casa de madeira de um só compartimento, com o chão de assoalho. Meu pai mandou construir a nossa casa de tijolos. Eu era uma menina muito levada.

Quando as paredes já estavam pela metade, eu comecei a brincar na obra, pulando de uma madeira para outra. Foi assim até eu levar um tombo e abrir uma brecha na minha sombracelha. Trago a cicatriz até hoje.

Mais isso não foi nada perto do que aconteceu quando a obra já estava quase no fim.

Em uma manhã de domingo, eu e minha familia fomos passar o dia fora. Voltamos à noite.

Quando chegamos, avistamos uma multidão em frente a nossa casa. Vimos então um corpo caído no chão da sala. Soubemos então que ele havia levado 20 facadas. O crime tinha ocorrido uma hora antes de nossa chegada. Não demorou muito para que chegassem a polícia e o rabecão.

Quando a obra ficou pronta, não moramos mais que dois anos na casa nova. É que, depois do assassinato, começaram a acontecer coisas estranhas. A porta abria e fechava sozinha. As panelas caíam do fogão. Copos quebravam do nada.

Por causa disso, meus pais resolveram vender a casa. A fama de casa mal-assombrada dificultou a venda. Mas enfim conseguimos nos livrar dela e nos mudar para um outro lugar.
A surpresa do seguidor de Jesus
Por Cristiane Gomes, Suellen Encanação, Gesseca de Lourdes e Vanessa Paes

O pedreiro Bruno de Oliveira adora o silêncio de sua rua, mas odeia quando é surpreendido com as enchentes que as obras do PAC prometem acabar na Palhada. Ele, que passa os domingos descansando, surpreendeu a todos quando leu o poema que escreveu, dedicado às árvores. "Foi a única maneira que encontrou para se expressar."

Nome Bruno Vargas de Oliveira

Idade 19 anos

Rua Santa Isabel

Ocupação Trabalho de pedreiro, depois de ter concluido o ensino médio

O que mais gosta de fazer?
Ouvir musicas evangélicas e ler a Bíblia.

O que tem de bom e ruim na sua rua?
• Bom: o silêncio.
• Ruim: as enchentes.

Por que veio para o Pro Jovem?
Para fazer novas amizades e destrair a mente com coisa do futuro.

O que você espera do projeto?
Espero que venha habilitar os jovens e até mesmo eu ao trabalho.

Acha que vai ganhar o premio?
Dúvida.

Se você ganhar o prêmio, o que vai fazer com ele?
Usar.

Qual foi sua história?
Na verdade, fiz um poema sobre árvores.


Por quê?
Porque foi a única coisa que pode me expressar, e que eu vejo na realizade!

Qual é sua religião?
Cristão Protestante.

Como se diverte aos domingos?
Só descanso.

Você tem algum idolo?
Jesus.

O tesouro da família Gomes
Por Cristiane Gomes, Suellen Encanação, Gesseca de Lourdes e Vanessa Paes

Viviane Gomes reclama da falta de iluminação de sua rua, onde em sua opinião não há nada melhor do que ela. Viviane também tem como lema a frase "sou mais eu". A história sobre obra que contou é uma prova de que sua família encontra tesouros onde a maioria das pessoas acha aborrecimentos.

Nome Viviane de R. Gomes >> Idade 19 anos

Rua Pereira Henrique >> Ocupação Estudo à noite

O que mais gosta de fazer?
Escutar música.

O que não gosto de fazer?
Lavar roupa.

O que tem de bom na minha rua?
"Eu."

O que tem de ruim na minha rua?
Não tem iluminação.

Por que veio para o Pro Jovem?
Para ampliar meus conhecimentos.

O que espera do Pro Jovem?
Algo melhor.

Acha que vai ganhar o prêmio?
Sim.

O que vai fazer com ele?
Aproveitar muito.

Qual o nome da sua história?
Dinheiro escondido.

Por que contou essa história?
Achei muito engraçada.

O que faz aos domingos?
Vejo TV.

Torce para que time?
Flamengo.

Tem algum ídolo?
Linkin Park.

Minha frase
Sou mais eu!
......

Tesouro escondido

Tudo começou quando a parede do quartinho começou a rachar. Minha avó reuniu a família para resolveu acabar de quebrá-la. Ainda lembro da poeira em cima dos móveis da casa.

Quando começamos a juntar os “cacos” de tijolos, vimos um papel enrolado entre os tijolos da parede quebrada. Abrimos e vimos que era uma nota rasgada. A cédula era da época da minha avó.
Uma ponte que nem o diabo destrói
Por Vanessa Paes, Gesseca de Lourdes, Suellen E. de Oliveira e Cristiane Gomes Ribeiro

Cassiano Gomes é um jovem diferente. Embora seja evangélico, está muito mais interessado na NBA do que no Campeonato Brasileiro. Seu ídolo, também jogador de basquete, se chama Alan Anderson. Tem diversos lemas de vida, dentre os quais podemos destacar sua crença de que só o amor constrói pontes indestrutíveis. A história que contou, que o remeteu à época em que começou a morar na Palhada, foi sobre uma mangueira que, por causa do estranho formato de suas raízes, era chamada de "trono do Diabo".

Nome Cassiano Gomes >> Idade 20 anos

Rua Pereira Enrique >> Ocupação Nenhuma

O que mais gosta de fazer?
Jogar basquete.

O que não gosta de fazer?
Acordar cedo.

O que tem de bom na sua rua?
“Eu.”

O que tem de ruim na sua rua?
Meus vizinhos.

Por que veio para o Pro Jovem?
Para aumentar minha capacitação profissional e enriquecer meu conhecimento.

O que espera do Pro Jovem?
Um ensino de qualidade, que me qualifique para o mercado de trabalho.

Acha que vai ganhar o prêmio?
Olha! Eu me esforço pra isso.

O que vai fazer com o prêmio?
Curtir a vida.

Qual foi a sua história?
O Trono do Diabo

Por que contou essa história?
Achei interessante e foi uma das primeiras histórias que ouvi quando cheguei na Palhada.

O que faz aos domingos?
Jogo basquete de manhã e à tarde toco com a minha banda.

Torce pra que time?
Philladelfia (basquete).

Tem religião?
Sim, evangélico.

Tem um ídolo?
Alan Iverson (jogador de basquete) e Usher (cantor e dançarino de hip-hop).

Uma frase
Viver, viver e ser livre. Saber da valor às coisas mais simples. Só o amor constrói pontes indestrutíveis.
......
O trono do Diabo
Bom, minha família é toda ela de Nova Iguaçu. A maior parte mora em Marapicu, em um sítio bem pequeno. Lá o que não falta é história de árvore.
Mas a história que escolhi não é sobre minha família.
Quando eu tinha entre um e dois anos, fui morar na Chatuba. Só voltei quando já estava com cerca de seis anos. Fui morar na Palhada, onde estou até hoje.
Ouvi a história sobre o "Trono do Diabo" tão logo cheguei aqui. Foi os primeiros amigos que fiz aqui que a contaram para mim.
Era uma mangueira que ficava na esquina de minha rua. Suas raízes eram bem visíveis. Elas tinham a forma de uma cadeira com braços.
Como ficava na esquina, sempre havia muitos “despachos”. Essas macumbas davam asas à imaginação da criançada. O fato de a mangueira não dar frutos só fazia aumentar o medo que sentíamos dessa árvore.
Aconteceu de tudo para reforçar a lenda sobre essa árvore. Ela pegou fogo, cortaram todos os seus galhos e, mesmo assim, ela não parava de crescer e florescer. Quando alguém perdia alguma brincadeira, era punido com um toque no tronco ou, pior, sentando em cima de sua raízes.
A mangueira cresceu tanto que os seus galhos encostaram nos fios de eletricidade. A Light foi até a nossa rua e cortou a árvore até suas raízes. Os poucos pedaços que sobraram sumiram com o tempo.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O lado bom da Palhada

Turma A quer fazer clipe com os talentos do bairro
Por Vanessa Paes, Gesseca de Lourdes, Suellen E. de Oliveira e Cristiane Gomes Ribeiro

A proposta escolhida pela turma A foi de Lucília Cândido do Nascimento, uma moradora de 21 anos da Estrada da Palhada. Ela deu a idéia de fazer um clipe com os talentos da Palhada.
"Com essa idéia, valoriza-se mais o que o bairro Palhada tem de bom e não só as coisas ruins, como falta de saneamento, ruas esburacadas etc.", diz Lucília, que acha que vai ganhar o prêmio.

Ela gosta de ler e ouvir música, mas não gosta de lavar louça. Para ela, o melhor de sua rua é o comércio, mas esse mesmo comércio produz o barulho que tanto a incomoda.

Lucília veio para o projeto a fim de aprender coisas novas e fazer amigos e espera que sair do Pro Jovem com uma profissão no currículo. É cristã, aos domingos vai á igreja, não tem orkut, e-mail e nem msn. Tem simpatia pelo Flamengo.

Seu maior ídolo é Jesus e sua frase preferida é " Os sonhos de Deus jamais vão morrer.''

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Show de obras

Dinâmica da mímica empolgou turmas A e B da Palhada

Quem enfrentou o frio da noite de terça-feira e foi para as oficinas do “Minha rua tem história” coordenadas pelo historiador Rafael Gomes, não se arrependeu. A dinâmica proposta remeteu os jovens presentes na Escola Municipal Edna Ubelina aos melhores tempos da adolescência. “Fazia tempo que não me divertia tanto”, admitiu Taciany Ferreira Curly de Souza.

A dinâmica, definida na formação do último sábado por Marcus Vinícius Faustini, secretário municipal de Cultura e Turismo e mentor da gincana social “Minha rua tem história”, consistia em dividir o grupo de jovens, fazer com que eles escolhessem cerca de dez palavras em torno de obra e fizessem a brincadeira da mímica com cada uma delas. Rafael adicionou um toque pessoal, abrindo os trabalhos da noite com uma espécie de programa de auditório em que os jovens se apresentavam.

Programa de auditório

O programa de auditório improvisado por Rafael foi praticamente tomado pela tocante história narrada por Isamara da Silva Nery, que saíra da Vila Olímpica no sábado anterior com dez horas de internet na lan house do bairro e um MP4 por causa da história de sua amiga Silvana Mota, tragicamente assassinada sob um eucalipto na noite de 29 de dezembro de 2001, quando tinha apenas 12 anos. “Trouxe um recorte do jornal O Dia”, disse ela, mostrando o jornal com a foto do assassino de sua amiga.

Quando começou o jogo da mímica, os dois grupos acertaram encenações de palavras mais concretas, como construção, poeira, barro, entulho e trator. Pelo menos na primeira oficina abstrações como espetáculo não foram compreendidas pelo grupo adversário, que achou uma forçação de barra a explicação de que a “obra é um show”. Mas um dos grupos da segunda oficina insistiu em palavras como Monalisa, obra divina e Foz do Iguaçu, só não sugerindo Os Lusíadas porque, apesar do clima competitivo da noite, se compadeceu do grupo adversário.

Concerto não é conserto

O clima competitivo deixou o coração da estudante Aline Laura batendo acelerado na primeira oficina. “Tô nervosa”, admitiu ela. “Meu coração tá tum-tum-tum.” A evangélica Tatiane Bernardes da Silva esqueceu a seriedade geralmente associada aos seguidores das seitas neopentecostais e brincou como não fazia há pelo menos 12 anos. “Fiz a mímica do cortador de piso, que o meu grupo não acertou”, disse ela. “Quero ganhar.” Rosilaine Dias, autora de uma das histórias sobre árvore que mais impactou o grupo, chegou a fazer bagunça para que o outro lado se desconcentrasse. “Eles não acertaram”, festejou ela.

A brincadeira contagiou inclusive varões como Leonardo Cesário, que é casado e tem uma filha de um ano e meio. “Brinquei disso quando tinha 13, 14 anos”, lembrou ele, que entrou no Pro Jovem com o objetivo de se qualificar para o emprego de carteira assinada que procura desde a conclusão do ensino médio. Bruno Marques, que havia se destacado na primeira etapa do “Minha rua tem história” com um poema sobre as árvores, produziu uma das grandes polêmicas da primeira oficina ao não admitir concerto como resposta à mímica que propôs. “Eu disse concerto musical”, vociferou o poeta. “Para não confundir com conserto de bicicleta.”